Antes de aprofundarmos o tema da internacionalização e da sua importância para as empresas portuguesas, nomeadamente as PME, é importante clarificar o conceito de internacionalizar e de exportar.

Existindo diversas definições do conceito de internacionalizar optamos por apresentar o conceito introduzido, em 1973, por Wind, Douglas & Perlmutter. Estes autores defendiam que o conceito como um processo em que determinadas atitudes ou orientações são associadas a estágios sucessivos, presentes na evolução das atividades da empresa em mercados externos.

Internacionalizar uma empresa consiste num processo de realizar negócios no mercado internacional, num regime regular e consistente de acordo com uma estratégia desenhada e concebida previamente.

Por outro lado, o conceito de exportação é apresentado como uma das muitas ferramentas a utilizar pelas empresas no seu processo de internacionalização.

Dentro do amplo conceito de internacionalização a exportação apresenta-se como o ato de comercializar produtos e/ou serviços nos mercados internacionais, definindo-se como uma das muitas formas de internacionalizar e fazer negócios no mercado internacional.

Num mundo cada vez mais global, as empresas portuguesas necessitam de reduzir a sua dependência do mercado nacional. Por outro lado, existe uma relação direta entre o processo de internacionalização e o aumento da performance económico-financeira das empresas. As atividades internacionais reforçam o crescimento orgânico, aumentam a competitividade e criam condições para a sustentabilidade a longo prazo das empresas.

Para a maioria das empresas nacionais, aproveitar as oportunidades da globalização é, hoje, bem mais importante do que defender a posição adquirida no mercado português, pois disso depende a sua sustentabilidade.

No entanto, a pesar da sua importância para o crescimento das empresas portuguesas, o processo de internacionalização deve ser ponderado, analisado e todas as ações a implementar devem ser realizadas de acordo com a estratégia previamente definida.

Indicamos de seguida os procedimentos a realizar pelas empresas portuguesas antes de iniciar o seu processo de internacionalização:

Definição de um plano de marketing

Definir um plano de internacionalização: a realização de um plano estratégico de internacionalização é o primeiro, e talvez o mais importante, passo a realizar no processo de internacionalização de uma empresa. Neste plano deve ser definido os mercados base de todo o processo, o orçamento disponível, o s produtos e /ou serviços a exportar bem como os objetivos a atingir com o processo de internacionalização.

Os objetivos a definir devem ser realistas (de acordo com a capacidade interna da empresa) e mensuráveis em valor e em tempo.

A definição do plano de internacionalização irá permitir à empresa verificar todas as restrições existentes nos mercados selecionados bem como definir o perfil do cliente alvo em cada mercado externo em que pretende atuar.

No plano de internacionalização devem ainda ser definidos os investimentos a realizar de forma a alcançar os objetivos traçados inicialmente.

De acordo com a sua área de atuação, cada empresa deve definir de forma estratégica os investimentos a realizar, definindo o espaço temporal e orçamento disponível para a realização dos mesmos. As empresas devem analisar se faz sentido apostar na participação em feiras internacionais do setor ou se, por outro lado, faz sentido apostar na realização de viagens de prospeção e apresentação individualizada dos seus produtos e/ou serviços.

Estudo de mercado

Estudar os mercados externos selecionados: uma questão diretamente relacionada com a definição do pano de internacionalização é a realização de um estudo aprofundado sobre os mercados alvo

É imperativo a realização de um estudo aprofundado sobre as caraterísticas dos consumidores dos mercados selecionados bem como a definição das imposições económicas, sociais, politicas e alfandegárias de cada país de destino.

As questões legais devem ser analisadas minuciosamente, sendo muitas vezes necessário recorrer a especialistas que definam e auxiliem todo o processo de entrada nos mercados internacionais. Em certos mercados, como por exemplo, no mercado de Angola é importante a abertura de uma empresa de direito angolano para que uma empresa estrangeira consiga comercializar os seus produtos neste mercado.

Pequenas falhas ou omissões podem atrasar todo o processo de introdução do produto no novo mercado.

A realização de um processo de internacionalização dentro do mercado europeu pode acarretar riscos mais diminutos, no que diz respeito às questões de estabilidade politica, social e económica, no entanto, a aposta num processo de internacionalização em mercados extracomunitários, desde que definidos todos os riscos inerentes, pode ser mais vantajosa, uma vez que a concorrência é menor.

Adapte o seu produto/serviço

Adapte o seu produto e/ou serviço a cada mercado alvo: depois de conhecidas todas as especificidades dos mercados alvo, bem como as principais caraterísticas dos seus consumidores, é fundamental que as empresas realizem uma avaliação critica aos seus produtos e/ou serviços de forma a verificarem se os mesmos necessitam de algumas adaptações.

Devem avaliar as suas caraterísticas funcionais bem como se o preço de venda praticado no mercado nacional é ajustado aos mercados internacionais alvo.

Incentivos à internacionalização

Beneficie dos apoios à internacionalização: o programa comunitário de apoio Portugal 2020, coloca ao dispor das PME portuguesas uma medida de incentivos que visa apoiar o seu processo de internacionalização.

Através da medida de apoio Internacionalização PME, as PME podem beneficiar de um subsidio não reembolsável, aplicada uma taxa de 45% sobre os investimentos elegíveis.

São suscetíveis de apoio os projetos individuais de internacionalização que visem a aposta nos seguintes domínios:

  1. O conhecimento dos mercados externos;
  2. A presença na web, através da economia digital;
  3. O desenvolvimento e promoção internacional da marca;
  4. A prospeção e presença em mercados internacionais;
  5. O marketing internacional;
  6. A introdução de novo método de organização nas práticas comerciais ou nas relações externas;
  7. As certificações especificas para os mercados externos.

Para beneficiar deste apoio as empresas devem proceder à submissão de uma candidatura, através do Balcão 2020, onde se encontre definida toda a estratégia de internacionalização que fundamenta os investimentos a realizar.

Apesar de todo o planeamento nada substitui a experiência real, concreta, de desenvolver negócios nos mercados internacionais. Esta é essencial para desencadear processos de aprendizagem: as empresas vão reforçando a sua atuação no estrangeiro à medida que vão acumulando experiência internacional e vão aprofundando o seu conhecimento sobre as condições de atuação em vários contextos.

A internacionalização está, assim, estreitamente ligada à aprendizagem experiencial relativa às condições de negócio em diferentes países e redes de relacionamentos.

A internacionalização é uma dimensão de elevada importância no processo que guia a estratégia da maioria das empresas.

É este processo que determina um contínuo desenvolvimento e mudança na empresa internacional, quer na definição dos objetivos, na orientação que as ações tomadas devem ter, nos princípios que deve seguir a organização da estrutura, ou ainda a natureza da gestão, os valores que devem ser dominantes e as normas seguidas. Em ultima análise, a internacionalização tem uma relação muito estreita com todos os fatores que definem uma estratégia.

Por fim, deixamos um conselho, antes de avançar com o seu processo de internacionalização consulte um profissional especializado.

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